terça-feira, 15 de março de 2011

Intervenção? O que que pega?

Caracterizada por ser uma abordagem artística, relacionada à intervenção visual do ser humano no meio em que vive, a intervenção urbana é apresentada em diversas formas, de adesivos (ou stickers), stencêis e grafites até instalações artísticas. Tudo que interfira e mude, de alguma forma, o lugar comum da metrópole. Segundo Célia Maria Ramos (1994, p.43), “a intervenção pressupõe um ato consciente de alguém que atua sobre um determinado objeto ou espaço, conferindo-lhe um novo significado”. Na maioria das vezes, é esse o objetivo dessas interferências artísticas na cidade: captar o olhar distraído dos transeuntes e expor idéias a estes, a partir das modificações feitas no espaço urbano, sejam elas desenhos, escritos, encenações ou distorções daquilo que já existe.

Tudo começou com um movimento de contracultura em Paris, em maio de 1968, onde inscrições de caráter poético/político surgiram nos muros como forma de protesto. A partir daí, esses escritos disseminaram-se pelo mundo afora e foram adequando-se à proposta que melhor traduzia a mensagem do autor: frases, imagens, etc.



Grafites das ruas de Paris em 1968. "É proibido proibir" e 
"Como pode pensar livremente à sombra de uma capela?", respectivamente.

Grafites do lado ocidental do muro de Berlim, em 1986.

No universo contemporâneo, a grande polêmica que a arte urbana também traz à mesa, é a quebra do paradigma de que arte é somente aquilo que vemos em galerias e museus. Muitos dos grafiteiros, por exemplo, que começaram desenhando e pintando em muros, hoje são reconhecidos como artistas e expõem seus trabalhos ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, essa transposição da arte de rua para o espaço privado (museus e galerias), gera grande discussão, pois, na teoria, a arte de rua é livre e “não encomendada”, e a partir do momento em que é feita por demanda, perde a sua essência.


Os grafiteiros paulistas Os Gemeos já rodaram o mundo, fizeram exposições de
 suas obras e chegaram inclusive a grafitar um castelo escocês do séc. XIII. 


Na moda, o tema já foi usado como fonte de inspiração para os mais diversos propósitos. No entanto, acaba por ser trabalhado em um sentido mais literal, como estampas inspiradas em trabalhos de grafiteiros, ou técnicas parecidas com as usadas pelos artistas de rua, como a técnica de stêncil (que consiste em vazar a tinta sobre um suporte com o desenho recortado).

Algumas marcas já utilizaram o grafite como tema de suas coleções, como a Maria Bonita Extra e Marcelo Sommer, no verão 2008, e os estilistas Beto Lima e Renata Ramos, no 12º Prêmio Rio Moda Hype. A proposta também se estende aos acessórios, como mostrou a Chilli Beans, em uma linha de óculos cujas armações eram pintadas a mão, com aerógrafos e stênceis.

Look da coleção de Marcelo Sommer inspirado no grafite e vestido da Maria Bonita Extra, com
 estampa inspirada em imagens do grafiteiro Bruno Bogossian.

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